ZENEU 30 anos de saudade XEQUE-MATE

O DEMOCRATA                                                     SEXTA-FEIRA, 19 DE OUTUBRO DE 2018       A5

ZENEU

30 anos de saudade

XEQUE-MATE

 

Se o tempo a ser considerado

for tão-somente a somatória

da saudade sempre renovada

a cada segundo de nossas vidas,

perde-se no labirinto da memória o tempo de tua partida.

 

Se, no entanto, a regra aplicada

for a sensação de tua presença,

não há tempo a ser marcado, pois ela jamais se desfez.

 

Porém, se o tempo assinalado

considerar hora, dia e mês,

um ano de tristeza decorreu

de tua irreparável perda,

saudoso amigo Zeneu.

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Quem o xeque-mate deu?

Teria sido o mestre dos mestres

ou foi apenas o mestre mortal?

teria sido a prepotência do destino

ou foste tu, mestre Zeneu?

 

Não importa saber agora quem mexeu

a pedra-mor do tabuleiro da vida,

encurralando o Rei num beco sem saída.

O que importa é que aconteceu

um corte na sequência existencial

e, num ato de funesto desatino,

tiveste a vida ceifada, abatida,

indo embora , para sempre, amigo Zeneu.

 

Contra os desígnios do Criador,

jogaste o jogo da vida.

Perdeste a batalha, por certo,

sem perder porém, a dignidade, a honradez,

tampouco o esplendor,

pois não foste tu quem feneceu,

mas apenas teu corpo, tua matéria,

porque teu espírito continuará vivo

e estará sempre perto

de todos nós, querido Zeneu.

 

Com certeza foi Deus quem resolveu

parar teu coração de menino,

que a pureza jamais perdeu,

para que fosses sentar a seu lado

no reino da eternidade

e, assim, te levou, caríssimo Zeneu.

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Perdemos o mestre do xadrez,

perdemos a estrela-guia,

perdemos o companheiro e amigo,

perdemos tudo de uma só vez,

perdemos toda a alegria

o prazer da cachacinha,

o humor da piada,

o sabor da picardia,

perdemos tudo de uma só vez.

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O tabuleiro no canto abandonado,

nenhuma peça mais alguém se atreve a mexer.

O Rei tombou.

Inertes estão

e inertes ficarão os peões, os cavalos, os bispos, as torres

e a Rainha.

Porém não perderemos jamais,

nem a Rainha nem os vassalos,

a lembrança de teu ser

que, imorredouro, ficará sob o abrigo

do peito dilacerado

pela saudade que não acaba mais.

Adeus amigo e até um dia… talvez.

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Pedrão

Após 30 anos republicamos as palavras do grande amigo Pedrão, que descreve com detalhes nosso querido e eterno Zeneu.

Obrigado Pedrão!

                                                                                                                                         Irene, Irenêu, Irani, Iza