FOLHA DE S.PAULO DOMINGO, 8 DE ABRIL DE 2018
O DISCURSO LULA
Se for por colocar pobre na universidade,
(…) pobre comer carne, ter casa própria, se esse é o
crime que eu cometi, vou continuar sendo criminoso
Eles não se dão conta de que quanto
Mais me atacam mais cresce a minha
relação com o povo brasileiro
Eu vou lá para eles saberem que eu não tenho
medo. Os poderosos podem matar uma rosa, mas
jamais poderão deter a chegada da primavera
A história daqui a uns dias vai provar
que quem cometeu crime foi o delegado
que me acusou, o juiz que me condenou
E o Ministério Público que foi leviano
Não adianta tentar acabar com as minhas ideias,
não tem como prendê-las. Não adianta parar o meu
sonho, porque eu sonharei pelos sonhos de vocês.
a morte de um combatente não para a revolução
(Ex-presidente, em discurso no Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC, em São Bernardo do Campo – SP)
JOSÉ ROBERTO BATOCHIO
Essa volúpia de prender revela a
arbitrariedade sem fim. Os falcões
estão expondo as garras
(Advogado de Lula)
GLEISI HOFFMANN
Ele não é um juiz, é um militante político.
É doentio o que Moro tem em relação
à esquerda brasileira, aos movimentos sociais, ao Lula
(Senadora (PT-PR), presidente nacional do PT)
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NORDESTE SOFRIDO
Ó nordeste tão queimado, ó nordeste tão premido,
Pelos estios da seca, pelo fogo do sertão,
Onde a vida atribulada, do sertanejo sofrido,
Apelando para o céu, faz cortar o coração!
As chuvas que tardam tanto, o inverno que não vem,
Dão mais vida a esperança, ao sentimento contido,
Na alma do sertanejo, que sempre deseja o bem,
Um alento de bonança para o nordeste sofrido!
Não sente falta da luz, porque esta o sol lhe traz,
Mas sente falta da chuva que gera fartura e paz,
O filho do sertanejo, nesse recanto nascido;
Com fervor pedindo a Deus, pelo sertão ressequido,
Vendo o gado caminhar, sobre a terra calcinada,
Contrito fica a esperar, os dias da invernada!
MILTON ALVES DE SOUSA
João Pessoa – PB
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Audaz nasceste alado à luz da eternidade,
Do infinito azul do céu em que voavas,
Feliz a deslizar na sideralidade,
Do esplendor do cosmos que singravas!
E eu me vejo em ti quando tu cantavas,
Ó pássaro de luz, um hino à natureza,
Ruflando as asas com que adejavas,
Na amplidão etérea do azul turquesa!
Quem foi que assim cruel te fez prisioneiro,
Sem poder mais soltar as asas na amplidão,
Com teu belo canto, livre e altaneiro?
Foi o mesmo destino que hoje a mim conduz,
Em cadeias preso e triste como teu irmão,
Longe do céu e de ti, – pássaro de luz!
MILTON ALVES DE SOUSA
13.10.2007
João Pessoa – PB
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RIO DE JANEIRO 2018
DUDINHA NO CÉU, PEZÃO NO INFERNO
“SERÁ QUE ELA NASCEU PARA VIVER SÓ TREZE ANOS MESMO?”
“Estava no trabalho quando ligaram. Era uma amiga da Maria Eduarda dizendo: ‘Tia, vem depressa, vem agora. Os policiais acabaram de matar a Duda’. Minha filha foi baleada dentro da escola. É inacreditável: ela saiu para estudar, cheia de planos, animada com a vida, e nunca mais voltou para casa. Corri para a escola. Sem sentir o meu corpo, abracei o dela, estendido no chão do pátio. Desde a morte da Duda, vou todo dia àquela escola em busca de conforto, atrás dos bons amigos que ela tinha. Mas a dor não me deixa. Tento não cultivar raiva pelo policial que acertou minha Duda. Prefiro ir para a Igreja. Fico pensando: será que ela nasceu para viver só treze anos mesmo? Então era isso? Fazia tempo que a gente queria se mudar para um lugar menos perigoso, para tentar dar à Duda a chance de um futuro melhor. O pai (o pedreiro Antônio Pedro, 62 anos, na foto) estava juntando dinheiro, tinha prometido à filha uma viagem para a Suíça, onde mora o irmão mais velho. A Duda sonhava ser aeromoça. Dizia que um dia ainda ia voar bem alto”.
(ROSILENE FERREIRA, 53 anos, é auxiliar de serviços gerais e mãe de Maria Eduarda, atingida por bala perdida dentro da escola, na Zona Norte carioca, em 30 de março)
Revista Veja – 12/07/2017